A cirurgia de redução de estômago, para muita gente, é um grande milagre proporcionado pela medicina. Mas pode se transformar em pesadelo caso não seja recomendada e realizada com todos os cuidados.
Primeiro, é fundamental saber para quem o procedimento será realmente benéfico. A indicação é clara: pessoas com obesidade mórbida (IMC acima de 40 kg/m2) ou com IMC entre 35 e 40 e doenças associadas à obesidade. Os candidatos à paciente também devem ser obesos há, no mínimo, cinco anos e terem passado por outros tratamentos clínicos sem sucesso, resume o gastroenterologista Thomas Szegö, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Israelita Albert Einstein e Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
O médico nutrólogo Fernando Chueire, da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), reforça, porém, que nem todos os obesos que se encaixam nesse perfil estão aptos a realizá-la. A idade também pesa na hora da decisão. De 18 a 50 anos é a faixa ideal para se submeter à redução do estômago. Entretanto, pacientes entre 16 e 18 anos podem ser operados em situações especiais, quando a obesidade ou as alterações orgânicas associadas a ela estiverem ameaçando a saúde do adolescente — e após acordo do médico com a família. Acima de 50 anos, cada caso deve ser avaliado individualmente e encarado como uma exceção. Nesta idade, há condições clínicas que podem tornar a cirurgia mais arriscada do que a própria obesidade do paciente.
O processo de escolha é altamente rigoroso e inclui desde avaliação psicológica (normalmente os especialistas recomendam duas sessões semanais de psicoterapia dois meses antes da operação) até a redução de peso. Isso mesmo: redução antes da redução.
Os candidatos devem passar por uma preparação que inclui a eliminação de 10% do peso máximo que o paciente já apresentou em toda a sua vida. Este emagrecimento antes da cirurgia tem o objetivo de facilitar tecnicamente o procedimento cirúrgico e evitar as possíveis complicações durante e após a operação, esclarece o nutrólogo Fernando.
Segundo o Departamento de Cirurgia Bariátrica da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO), um dos recursos para essa redução urgente de peso é a técnica do balão intragástrico. Feito de silicone, ele é colocado vazio por meio de endoscopia no interior do estômago e então é preenchido com uma solução líquida (soro fisiológico + corante azul).
O recurso é temporário, pode permanecer no organismo por no máximo seis meses, e tem a função de, neste tempo, causar a sensação de saciedade e diminuir o volume de comida ingerida. O balão consegue uma perda de 10 kg a 15 kg.
Outro passo importante antes, para reduzir permanentemente o estômago, é a realização de uma série de exames, entre eles os laboratoriais (glicemia, colesterol, triglicéride, pressão arterial, dosagem de vitaminas), a ultrassonografia abdominal e pélvica e a endoscopia digestiva.
Informações precisas sobre o estado de saúde do paciente são fundamentais para que a operação seja um grande sucesso. Só depois dos resultados e da correção de qualquer anormalidade que possam atrapalhar o procedimento cirúrgico (ou seja, altos níveis de açúcar, triglicéride e colesterol no sangue ou a presença de anemia, diabetes, insuficiência renal e pedras na vesícula), é finalmente tomada a decisão, reforça o especialista em cirurgia videoendoscópica Roberto Frota-Pessôa, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCB).
CIRURGIA DE CAPELLA OU GASTROPLASTIA: a técnica mais utilizada no mundo. Reduz o estômago e conecta-o ao intestino, diminuindo o volume gástrico para 30 ml. | |
MARCAPASSO GÁSTRICO: um aparelho colocado no estômago, semelhante ao marcapasso utilizado para o coração. O equipamento é conectado a uma bateria que fica sob a pele e emite estímulos elétricos (não dolorosos) que dão a sensação de saciedade. | |
BANDA GÁSTRICA AJUSTÁVEL: um anel de silicone é colocado na parte superior do estômago para controlar a passagem dos alimentos. | |
OPERAÇÃO DE SCOPINARO OU DERIVAÇÃO BILEOPANCREÁTICA: retira-se mais da metade do estômago e, em seguida, é feito um desvio no intestino para provocar a má absorção dos alimentos. |